sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O DIA CHEGOU!

Em Atenas durante o período clássico, a democracia era a forma dos cidadãos gerirem sua cidade. Na Acrópole, debates entre cidadãos decidiam os rumos dessa pólis grega e eram assistidos por todos. Nesses debates, filósofos, oradores, políticos e membros da comunidade explanavam suas idéias em discussões acaloradas. O interessante nesses debates democráticos e filosóficos era a busca da verdade, o fazer política era uma das maneiras de como os habitantes da pólis se relacionavam em público.

Sócrates, pai da maiêutica, “a arte de interrogar”, sempre dizia que em uma discussão, o objetivo dos confrontantes não era a de ter razão e o opositor não, ou a vitória pessoal e a derrota de seu interlocutor, mas a busca da verdade. Nesse raciocínio, debates servem então para buscar soluções e a verdade em conjunto, não a luta pelo poder.

Neste próximo domingo teremos mais uma eleição no Brasil democrático e, como a maioria dos brasileiros, assisto atônito a embates televisivos entre os principais candidatos nos quais vemos uma clara disputa pelo poder, não a busca por melhores idéias, propostas de governo ou mesmo a verdade. Na maior parte das vezes, fica nítida a ausência desta, a verdade, na fala dos candidatos em meio a números e jogos de cena enfáticos e nos parece falasiosamente que o país vive um período de florescimento sócio-cultural único, bem diferente da realidade que todos conhecemos. Afinal do que falam? Falam do poder. Michel Focault, em obras como “A microfísica do poder” e “Vigiar e punir”, demonstra que o poder é sempre uma relação, quem exerce e quem sofre, e este, o poder, sempre se manifesta através do discurso.

Muitos lutaram e deram a vida para que possamos vivenciar a democracia. Não vamos deixá-la nas mãos de pessoas que pensam apenas em vantagens pessoais e cujo único objetivo é o exercício do poder.

Boa eleição!

4 comentários:

  1. solução?:
    Brasil inteiro, pare de votar!
    O voto virou mercadoria, e isso é evidente, dada a profusão de imagens e propagandas de candidatos, espalhadas por todo espaço-tempo urbano, poluindo sonora, visual e materialmente todo o ambiente... Candidatos competem entre si pelo ganho de votos, numa guerra midiática sórdida, cretina e insustentável em todos os sentidos...
    As eleições viraram INSUSTENTABILIDADE, assim como a própria política também (não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro)...

    A união faz a força... Se todo cidadão brasileiro simplesmente disser "hoje não votarei"... com certeza, o poder político (ou pseudopolítico) desmoronará "como num piscar de olhos"...

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  2. Infelizmente o povo encontra-se sem muitas alternativas para este domingo, o poder não está mais em questão professor Charles, este poder já é dos candidatos uma vez que desconheço algum que tenha a necessidade de enfrentar ônibus lotados, a humilhação de ser esmagado nos trens, o cheiro insuportável dos barracos sem saneamento básico e muitas outras coisas que se coubessem nas minhas palavras ficaríamos aqui uma semana somente lendo.

    Neste domingo tentarei não fechar os olhos para a hipocrisia de falar ´´votarei neste eleitor pois ele parece entender o problema do povo``, infelizmente nenhum deles sabe as necessidades reais da nação!
    Se nosso problema inicia na educação, ele acaba aonde?

    Te respondo..
    No reflexo visível dos candidatos que desde começo foram instruídos em seu ensino superior a serem sofistas, mentes que enganam e consomem toda esperança do cidadão de bem. Neste domingo tenhamos mais vergonha na cara quando entrarmos na ZONA eleitoral.

    Um toque, quando for escolher seu candidato tente lembrar o significado e das intenções dos Sofistas:

    Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser ensinada.

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  3. Nathan, Daniel e demais leitores. Defato não há muitas opções eleitorais, mas ainda há. Não podemos esquecer que muitos perderam a vida na luta pelo direito à cidadania e sua expressão máxima: o poder de eleger e ser eleito, o que caracteriza o regime democrático. Não é o único e talvez não o melhor, mas é o que temos e precisamos em muito aprimorá-lo. Em relação aos sofistas, creio que os filósofos já haviam resovido essa questão ao posicionarem-se contra os "sofistas de falso saber" (Sócrates). Os amigos/amantes do saber sempre debatiam, discutiam, dialogavam, a fim de buscar a verdade e não a vitória de seu argumento individual, faziam isso todo o tempo e sobre todas as coisas e sabiam que a ética pressupõe também a ação.
    Boa semana e bom segundo turno a todos nós!
    Prof. Charles.

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  4. Um tanto demais de Marketing e tão pouco de política! Este é o novo modelo adotado pelos nossos candidatos. Assistimos a um debate, e nele vemos uma rica aula de marketing e estratégia. É tão lógico e tão focado na técnica quanto um jogo de truco. Um absurdo, realmente.
    Mas, apesar disso, senti uma mudança de postura das pessoas - ainda que discreta - na hora de votar. Mais pessoas adotando uma consciencia sustentável, e ao mesmo tempo cansadas dos mesmos candidatos e partidos. Se queremos mudança, talvez a solução não seja por a culpa na democracia, mas em nos atentar na raiz do problema: os eleitos de sempre, uma vez que existem sim candidatos com propostas diferentes. Mas ainda xiste uma expressiva parcela de pessoas, infelizmente, que preferem perder (o nosso)tempo, brincando de eleger palhaços para não sair da rotina de falar sobre o assunto preferido do brasileiro: falar mal de política e reclamar da vida...

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