quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dia Mundial sem carro: a bicicleta como alternativa ao trânsito de São Paulo e as Ghost Bikes

No próximo dia 22 de Setembro ocorre o dia mundial sem carro, evento que começou em São Paulo em 2004. Como todos sabem, a principal causa de poluição atmosférica em São Paulo advém de sua frota de veículos, da própria metrópole e de quem passa pela cidade. Diante do caos do trânsito, da ínfima quilometragem do metro e também por uma necessidade premente de fugir do sedentarismo, muitos paulistanos há tempos demonstram sua indignação à ditadura do automóvel utilizando-se da magrela como meio de transporte.
Diante da ineficiência de um transporte público de qualidade, uma hegemonia individualizada do carro e a falta de infra-estrutura para ciclistas com parcos 23,5 km de ciclovias, cuja maior parte é usada apenas para o lazer nos finais de semana (esse número cai para 0 km se for considerada a definição do Código Brasileiro de Trânsito sobre o que é uma ciclovia), a opção pela bike como meio de transporte demonstra não apenas uma indignação com o estado atual das coisas, mas também representa uma mudança de paradigma e um ato de profunda coragem.
Através de associações de ciclistas como a “Ciclocidade” http://www.ciclocidade.org.br/noticias, entre outras, há uma mobilização cada vez maior de cidadãos que exigem do poder público políticas que de fato incentivem e garantam a segurança para quem opta pela bicicleta como meio de transporte. Para entendermos como São Paulo nesse aspecto é bem atrasada, o Rio de Janeiro possui 140 km de ciclovias e é considerado ineficiente, mas em Bogotá são mais de 300 km, Paris criou um sistema de utilização da bike associada ao metro, Berlim é uma das cidades no mundo que mais incentiva o uso da bicicleta e Nova York possui mais de 600 km de ciclovias.
Segundo estimativas do Ibope/Nossa São Paulo, a cidade possui cerca de 370 mil adeptos ao ciclismo urbano. Mas esse número é bem maior se considerarmos que, pode ser entendido como um ciclista urbano, aquele que se utiliza da magrela como deslocamento de casa para o trabalho ao menos uma vez por semana.
Apesar das inúmeras vantagens sobre a opção da bike como meio de transporte (saúde, rapidez no trânsito nos horários de pico, sociabilização e mudança do “olhar” para a cidade), o descaso do poder público fez chegar a São Paulo as chamadas “Ghost Bikes”, bicicletas de cor branca que são instaladas em locais nos quais ocorreram acidentes fatais com ciclistas. Trata-se de um memorial e um protesto para lembrar a todos que um ciclista morreu devido a pressa de alguém motorizado e estressado.
Em São Paulo são 4 os locais: na Av. Luis Carlos Berrini em 2007 (que foi removida logo nos primeiros dias), na Av. Paulista em janeiro 2009 quando Márcia Prado foi assassinada por um motorista de ônibus e encontra-se lá até hoje e serve como ponto de encontro de ciclistas da “Bicicletada”, a terceira também em 2009, em novembro onde morreram o ciclista Fernando Martins Couto e o gari Antônio Ribeiro, também atropelados por um ônibus e a quarta em março de 2010 quando Seu Manoel, um senhor de 53, foi atropelado por um motociclista em alta velocidade que passava pela pista de uso exclusivo dos ônibus com o sinal fechado, matando o ciclista que aguardava para atravessar na Av. Vereador José Diniz. Esta Ghost Bike ainda permanece em local alto e visível.
O poder público não pode ignorar seu papel. Deve garantir o direito dos ciclistas de usarem as bicicletas como meio de transporte. Mais informações: http://blig.ig.com.br/freeride/category/bicicleta-e-transporte/
Trailler do movimento:

Um comentário:

  1. É impressionante como nossos desejos de cidadão passam despercebidos aos olhos de nossos dirigentes e como permanecemos calados e indiferentes a situações que nos punem.

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