“MUITA LUZ COM O FIM DO TÚNEL”: São Paulo 18 de setembro de 2010.
Em um sábado típico de inverno em São Paulo, um grupo de moradores exerciam sua cidadania e seu direito de gerir sua comunidade. Tratou-se do aniversário de 31 anos do Parque Previdência, região do Butantã, um parque com uma das poucas áreas remanescentes de Mata Atlântica dentro da cidade de São Paulo.
Os conceitos de “qualidade de vida” e de “sustentabilidade” estão na ordem do dia da contemporaneidade e em todos que buscam reverter o processo de degradação ambiental que o modelo de desenvolvimento urbano industrial do séc. XIX causou. No entanto, ainda as pressões e interesses de grandes corporações prevalecem sobre o desejo da maioria, daí a importância do evento realizado nesse último sábado. Moradores, amigos e pessoas engajadas na proposta de vivermos uma nova forma de sociabilidade, calcada nos conceitos acima, reuniram-se não apenas para comemorar o aniversário do parque, mas principalmente para se posicionarem contra um projeto absurdo de construção de um mega túnel que pretende ligar a Av. Corifeu de Azevedo Marques a Av. Eliseu de Almeida, destruindo parte da Praça Elis Regina ao lado da USP e passando por debaixo do Parque Previdência destruindo também uma boa parte da Mata Atlântica. Estudos indicam que nesta área de várzea do córrego Pirajussara, uma maior impermeabilização causará um aumento das enchentes, além de causar a destruição de nascentes no Parque e a morte de várias espécies de árvores e de animais que ali vivem como corujas, pica-paus e um Jequitibá de mais de 200 anos de idade.
Afinal de contas, a quem interessa tal projeto? A pressão do mercado imobiliário e das grandes empreiteiras, as mesmas por detrás dos principais casos de corrupção neste país. Uma lógica perversa que causou o engajamento dessas pessoas presentes no Parque da Previdência neste último sábado contra esse sistema meramente mercadológico e que atende aos interesses de poucos privilegiados.
Nos shows musicais, contamos com o privilégio de vermos pessoas como Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Vange Milliet, Paulinho Le Petit, Suzana Salles, Alice Ruiz, Alzira Espindola e José Miguel Wisnik, moradores, amigos e pessoas que acreditam na premissa de que o diálogo com o poder público e o direito da comunidade de participar no planejamento da cidade é inalienável. Ou ocupamos nosso espaço, ou grupos poderosos continuarão fazendo da cidade o que bem entendem, com o único objetivo de manter as coisas como estão.
Foi um privilégio testemunhar o encontro de pessoas que ainda olham nos olhos, que se abraçam e que se juntam sem ganhar absolutamente nada para defender o direito das gerações futuras de vivenciarem um dos poucos resquícios de Mata Atlântica e de demonstrarem que é possível uma nova forma de convivência mais humana e feliz.
“Quando bater no coração no coração
quatro pancadas e depois um bis,
pode escrever, não falha não,
é a tentação de ser muito feliz”
Luiz Tatit
Para saber mais: www.butanta.com.br.
Existe também um abaixo assinado com o nome preciso de "Muita Luz com o Fim do Túnel". Av. Prof. Lucas de Assumpção, 5 - sala 3
em cima da padaria Rainha da Vila Gomes, na Pça Elis Regina das 9 às 18 hs.
Há também outros movimentos importantes e da mesma natureza sobre a construção do “Monotrilho”, para a preservação do “Pequeninos do Jockey” e do “Parque da Água Branca”.
Toda ajuda é bem vinda.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Darcy Ribeiro, Desigualdade Social e Educação
Darcy Ribeiro, Desigualdade Social e Educação
Darcy Ribeiro, em sua obra O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. (Companhia das Letras, 2005), demonstra que o abismo da desigualdade social no Brasil só pode ser sanado a partir de duas ações primordiais: Reforma Agrária e Educação. Em relação à primeira, ele explica que até os Estados Unidos já haviam feito a sua no séc. XIX e que a pequena propriedade nas mãos de famílias aumenta a produtividade, fixa o homem no campo e, acrescento, viabiliza a agricultura orgânica. Já sobre a Educação, o cientista por detrás da Criação da Universidade de Brasília (UNB) e que foi Secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro na época da implantação dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) nos idos da década de 80 sob o governo de Leonel Brizola, afirmava categoricamente como única saída para a promoção da igualdade social.
Em pleno século XXI, a Educação no Brasil continua aquém de suas necessidades e em todos os níveis. Dados recentes do CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) do MEC apontam que, apesar do aumento da oferta de cursos de Mestrado e Doutorado, apenas 4,1% dos 4.099 programas avaliados obtiveram a nota máxima, 7 e que 35% foram avaliados como ruim ou regular. De todos os programas, 75 devem ser descredenciados pelo MEC.
Tais dados nos fazem pensar, afinal, estamos em pleno ano eleitoral. Qual a verdadeira proposta para Educação dos candidatos a Presidência da República? Sabemos que a Educação é dever do Estado, aliás, segundo essa mesma avaliação, o CAPES informa que dos 112 programas que tiraram a nota máxima no país, 29% são da USP e UNICAMP, Universidade Públicas. Antes de votar, procure saber as propostas para a Educação, chave para fazer dessa “vergonha uma nação” (Caetano Veloso).
Fonte:
http://www.capes.gov.br/avaliacao/relatorios-de-avaliacao/2287
Darcy Ribeiro, em sua obra O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. (Companhia das Letras, 2005), demonstra que o abismo da desigualdade social no Brasil só pode ser sanado a partir de duas ações primordiais: Reforma Agrária e Educação. Em relação à primeira, ele explica que até os Estados Unidos já haviam feito a sua no séc. XIX e que a pequena propriedade nas mãos de famílias aumenta a produtividade, fixa o homem no campo e, acrescento, viabiliza a agricultura orgânica. Já sobre a Educação, o cientista por detrás da Criação da Universidade de Brasília (UNB) e que foi Secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro na época da implantação dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) nos idos da década de 80 sob o governo de Leonel Brizola, afirmava categoricamente como única saída para a promoção da igualdade social.
Em pleno século XXI, a Educação no Brasil continua aquém de suas necessidades e em todos os níveis. Dados recentes do CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) do MEC apontam que, apesar do aumento da oferta de cursos de Mestrado e Doutorado, apenas 4,1% dos 4.099 programas avaliados obtiveram a nota máxima, 7 e que 35% foram avaliados como ruim ou regular. De todos os programas, 75 devem ser descredenciados pelo MEC.
Tais dados nos fazem pensar, afinal, estamos em pleno ano eleitoral. Qual a verdadeira proposta para Educação dos candidatos a Presidência da República? Sabemos que a Educação é dever do Estado, aliás, segundo essa mesma avaliação, o CAPES informa que dos 112 programas que tiraram a nota máxima no país, 29% são da USP e UNICAMP, Universidade Públicas. Antes de votar, procure saber as propostas para a Educação, chave para fazer dessa “vergonha uma nação” (Caetano Veloso).
Fonte:
http://www.capes.gov.br/avaliacao/relatorios-de-avaliacao/2287
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Para a construção de uma Ética Global
Desde a Revolução Francesa de 1789 e a promulgação dos Direitos Universais do Homem e do cidadão, assistiu-se no mundo o nascimento de uma tendência de criação de uma Ética global. O referido documento serviu de base para a criação dos Direitos Humanos, leis inalienáveis que asseguram ao indivíduo um tratamento digno em qualquer circunstância. Criada em 10 de dezembro de 1948 pela ONU, a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” determina logo na primeira parte de seu preâmbulo que “(...)o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
Infelizmente, o mundo assiste atônito a mais um processo de assassinato à pedradas de uma mulher, Sakineh Mohammadi Ashtiani de 43 anos, acusada de adultério e de ter participado da morte de seu marido no Irã.
Em pleno século XXI e a partir de direitos universais que caminham para a já citada “Ética Global”, é inadmissível que alguém seja condenado à morte por apedrejamento. De acordo com o Comitê Internacional Contra Apedrejamento, uma ONG que procura com dificuldades monitorar essa prática no Irã, existe ao menos 25 pessoas na mesma situação de Sakineh.
Infelizmente não é apenas o Irã que adota tal prática, Sudão e Nigéria também aplicam essa mesma pena, muitas vezes sem julgamento e às vezes pelas mãos da própria família.
O presidente Lula apelou ao Governo Iraniano para que não se aplique a sentença e ofereceu asilo político. Em uma época globalizada, temos de perceber que a globalização não é apenas um movimento mercadológico, mas principalmente cultural. A promoção da paz envolve a construção de uma Ética universal e nela, com certeza, o apedrejamento não faz parte.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,25-pessoas-aguardam-execucao-por-apedrejamento-no-ira-estima-ong,591270,0.htm
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
Infelizmente, o mundo assiste atônito a mais um processo de assassinato à pedradas de uma mulher, Sakineh Mohammadi Ashtiani de 43 anos, acusada de adultério e de ter participado da morte de seu marido no Irã.
Em pleno século XXI e a partir de direitos universais que caminham para a já citada “Ética Global”, é inadmissível que alguém seja condenado à morte por apedrejamento. De acordo com o Comitê Internacional Contra Apedrejamento, uma ONG que procura com dificuldades monitorar essa prática no Irã, existe ao menos 25 pessoas na mesma situação de Sakineh.
Infelizmente não é apenas o Irã que adota tal prática, Sudão e Nigéria também aplicam essa mesma pena, muitas vezes sem julgamento e às vezes pelas mãos da própria família.
O presidente Lula apelou ao Governo Iraniano para que não se aplique a sentença e ofereceu asilo político. Em uma época globalizada, temos de perceber que a globalização não é apenas um movimento mercadológico, mas principalmente cultural. A promoção da paz envolve a construção de uma Ética universal e nela, com certeza, o apedrejamento não faz parte.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,25-pessoas-aguardam-execucao-por-apedrejamento-no-ira-estima-ong,591270,0.htm
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Dia Mundial sem carro: a bicicleta como alternativa ao trânsito de São Paulo e as Ghost Bikes
No próximo dia 22 de Setembro ocorre o dia mundial sem carro, evento que começou em São Paulo em 2004. Como todos sabem, a principal causa de poluição atmosférica em São Paulo advém de sua frota de veículos, da própria metrópole e de quem passa pela cidade. Diante do caos do trânsito, da ínfima quilometragem do metro e também por uma necessidade premente de fugir do sedentarismo, muitos paulistanos há tempos demonstram sua indignação à ditadura do automóvel utilizando-se da magrela como meio de transporte.
Diante da ineficiência de um transporte público de qualidade, uma hegemonia individualizada do carro e a falta de infra-estrutura para ciclistas com parcos 23,5 km de ciclovias, cuja maior parte é usada apenas para o lazer nos finais de semana (esse número cai para 0 km se for considerada a definição do Código Brasileiro de Trânsito sobre o que é uma ciclovia), a opção pela bike como meio de transporte demonstra não apenas uma indignação com o estado atual das coisas, mas também representa uma mudança de paradigma e um ato de profunda coragem.
Através de associações de ciclistas como a “Ciclocidade” http://www.ciclocidade.org.br/noticias, entre outras, há uma mobilização cada vez maior de cidadãos que exigem do poder público políticas que de fato incentivem e garantam a segurança para quem opta pela bicicleta como meio de transporte. Para entendermos como São Paulo nesse aspecto é bem atrasada, o Rio de Janeiro possui 140 km de ciclovias e é considerado ineficiente, mas em Bogotá são mais de 300 km, Paris criou um sistema de utilização da bike associada ao metro, Berlim é uma das cidades no mundo que mais incentiva o uso da bicicleta e Nova York possui mais de 600 km de ciclovias.
Segundo estimativas do Ibope/Nossa São Paulo, a cidade possui cerca de 370 mil adeptos ao ciclismo urbano. Mas esse número é bem maior se considerarmos que, pode ser entendido como um ciclista urbano, aquele que se utiliza da magrela como deslocamento de casa para o trabalho ao menos uma vez por semana.
Apesar das inúmeras vantagens sobre a opção da bike como meio de transporte (saúde, rapidez no trânsito nos horários de pico, sociabilização e mudança do “olhar” para a cidade), o descaso do poder público fez chegar a São Paulo as chamadas “Ghost Bikes”, bicicletas de cor branca que são instaladas em locais nos quais ocorreram acidentes fatais com ciclistas. Trata-se de um memorial e um protesto para lembrar a todos que um ciclista morreu devido a pressa de alguém motorizado e estressado.
Em São Paulo são 4 os locais: na Av. Luis Carlos Berrini em 2007 (que foi removida logo nos primeiros dias), na Av. Paulista em janeiro 2009 quando Márcia Prado foi assassinada por um motorista de ônibus e encontra-se lá até hoje e serve como ponto de encontro de ciclistas da “Bicicletada”, a terceira também em 2009, em novembro onde morreram o ciclista Fernando Martins Couto e o gari Antônio Ribeiro, também atropelados por um ônibus e a quarta em março de 2010 quando Seu Manoel, um senhor de 53, foi atropelado por um motociclista em alta velocidade que passava pela pista de uso exclusivo dos ônibus com o sinal fechado, matando o ciclista que aguardava para atravessar na Av. Vereador José Diniz. Esta Ghost Bike ainda permanece em local alto e visível.
O poder público não pode ignorar seu papel. Deve garantir o direito dos ciclistas de usarem as bicicletas como meio de transporte. Mais informações: http://blig.ig.com.br/freeride/category/bicicleta-e-transporte/
Trailler do movimento:
Diante da ineficiência de um transporte público de qualidade, uma hegemonia individualizada do carro e a falta de infra-estrutura para ciclistas com parcos 23,5 km de ciclovias, cuja maior parte é usada apenas para o lazer nos finais de semana (esse número cai para 0 km se for considerada a definição do Código Brasileiro de Trânsito sobre o que é uma ciclovia), a opção pela bike como meio de transporte demonstra não apenas uma indignação com o estado atual das coisas, mas também representa uma mudança de paradigma e um ato de profunda coragem.
Através de associações de ciclistas como a “Ciclocidade” http://www.ciclocidade.org.br/noticias, entre outras, há uma mobilização cada vez maior de cidadãos que exigem do poder público políticas que de fato incentivem e garantam a segurança para quem opta pela bicicleta como meio de transporte. Para entendermos como São Paulo nesse aspecto é bem atrasada, o Rio de Janeiro possui 140 km de ciclovias e é considerado ineficiente, mas em Bogotá são mais de 300 km, Paris criou um sistema de utilização da bike associada ao metro, Berlim é uma das cidades no mundo que mais incentiva o uso da bicicleta e Nova York possui mais de 600 km de ciclovias.
Segundo estimativas do Ibope/Nossa São Paulo, a cidade possui cerca de 370 mil adeptos ao ciclismo urbano. Mas esse número é bem maior se considerarmos que, pode ser entendido como um ciclista urbano, aquele que se utiliza da magrela como deslocamento de casa para o trabalho ao menos uma vez por semana.
Apesar das inúmeras vantagens sobre a opção da bike como meio de transporte (saúde, rapidez no trânsito nos horários de pico, sociabilização e mudança do “olhar” para a cidade), o descaso do poder público fez chegar a São Paulo as chamadas “Ghost Bikes”, bicicletas de cor branca que são instaladas em locais nos quais ocorreram acidentes fatais com ciclistas. Trata-se de um memorial e um protesto para lembrar a todos que um ciclista morreu devido a pressa de alguém motorizado e estressado.
Em São Paulo são 4 os locais: na Av. Luis Carlos Berrini em 2007 (que foi removida logo nos primeiros dias), na Av. Paulista em janeiro 2009 quando Márcia Prado foi assassinada por um motorista de ônibus e encontra-se lá até hoje e serve como ponto de encontro de ciclistas da “Bicicletada”, a terceira também em 2009, em novembro onde morreram o ciclista Fernando Martins Couto e o gari Antônio Ribeiro, também atropelados por um ônibus e a quarta em março de 2010 quando Seu Manoel, um senhor de 53, foi atropelado por um motociclista em alta velocidade que passava pela pista de uso exclusivo dos ônibus com o sinal fechado, matando o ciclista que aguardava para atravessar na Av. Vereador José Diniz. Esta Ghost Bike ainda permanece em local alto e visível.
O poder público não pode ignorar seu papel. Deve garantir o direito dos ciclistas de usarem as bicicletas como meio de transporte. Mais informações: http://blig.ig.com.br/freeride/category/bicicleta-e-transporte/
Trailler do movimento:
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